Entre Canedo e Santa Maria da Feira, a Estrada Nacional 223 é hoje um exemplo da falta de manutenção que afeta muitas das estradas nacionais portuguesas.
Ao longo de cerca de 14 quilómetros, quem se atreve a circular por este troço depara-se com uma realidade desconcertante: perto de 500 tampas de saneamento que ocupam diretamente a faixa de rodagem. Destas 500, cerca de 90% estão desniveladas, geram impactos, solavancos e desvios perigosos — especialmente para os motociclistas, que enfrentam um verdadeiro campo minado.
Se em estrada reta a circulação já é desconfortável e insegura, nas curvas a situação agrava-se. Tampas metálicas em declive, recortes e remendos tornam-se armadilhas que ameaçam a estabilidade dos veículos e a segurança dos seus ocupantes.
Este cenário tornou-se parte do quotidiano de quem depende desta ligação essencial dentro do concelho de Santa Maria da Feira.
A EN223 deveria ser uma alternativa natural e gratuita à circulação entre Canedo e a sede do Concelho. No entanto, anos sucessivos de negligência e a falta de manutenção transformaram-na numa estrada vibrante — no pior sentido da palavra.
A solução? Para muitos condutores, não resta outra hipótese senão pagar. A autoestrada A32 é, na prática, o único percurso cómodo e seguro para chegar de Canedo a Santa Maria da Feira, ainda que a um custo que nem todos podem ou querem suportar.
É legítimo perguntar: até quando será aceitável que a única alternativa viável para circular dentro do próprio concelho implique o pagamento de portagens?
E mais grave ainda: até quando será ignorado o risco real para quem não tem outra opção senão enfrentar, todos os dias, uma estrada vibrante num “concelho vibrante”?












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